domingo, janeiro 18, 2009

Buscando explicações para a minha escatologia

"Há pessoas que por comodismo, prudência, religião, avareza evitam ficar à mercê das paixões amorosas. Essas pessoas ou se entregam compensatoriamente às obsessões aquisitivas - dinheiro (não só os avarentos), propriedades, bens, honrarias, erudição, saber ('é da natureza do ser humano desejar o saber', Aristóteles) - ou criam um rígido sistema de proteção moralista e deontológica; o dever principal é evitar a qualquer custo a influência nefasta do amor carnal - o desejo escraviza, a ascese liberta. (...) O supremo prazer físico dessas pessoas é defecar. Defecar é aliviante, é prazeroso, é saudável, é seguro, é barato, é inocente, é natural, é higiênico, ainda mais se você depois se lavar com sabão no bidê. E também pode ser educativo e intelectualmente excitante - são incontáveis aqueles que adoram ler e meditar quando estão desonerando os intestinos no recesso secreto e apaziguante do seu banheiro. Lutero concebeu as mais importantes das suas 95 Teses revolucionárias, que fizeram dele a maior figura da Reforma Protestante, sentado num vaso sanitário.

(...) Tudo na natureza da defecação - depuração, purificação, eliminação dos resíduos inúteis - é favorável a uma satisfação completa. Isso pode ser uma verdade absoluta para muitos, para todo mundo, mas não é para mim, talvez porque em nenhum momento da minha existência sofri de prisão de ventre".

Rubem Fonseca, in "E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto".

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu diria que esse texto é uma bosta, mas é muito bem escrito.
Po eu sofro de prisão de ventre e só quando a gente sente isso que começa a dar valor mesmo a essas reações naturais do corpo humano.
E lembro que no primeiro contato que tivemos você comentou em meu blog a respeito de umas fotos de formatos estranhos de cocôs... rs. E a nossa amizade não é uma bosta, aliás merda nenhuma nos separará.

Bjo

janeiro 18, 2009 3:22 PM  

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