domingo, junho 29, 2008

Sobre uma saudade fora de hora

E novamente me apresento a vocês para falar de amor.

Porém, falar de amor está sendo cada vez mais difícil. A subjetividade dos meus sentimentos me trava as idéias e me frustra a iniciativa na medida em que noto que não consigo expressar com eficiência as coisas que sinto.

Metáforas bobas como a da "Mulher de Vidro" já me cansaram e me exaspera ser repetitivo. Além do que, a Mulher de Vidro é uma ilusão que quero aceitar como morta. Atirei uma pedra contra ela e ela se quebrou. E isso é tudo.

Uma saudade. Sorrateira, me pega em sonhos, em pequenas lembranças, em passagens por lugares do cotidiano. Às vezes é uma reminiscenciazinha amarga, que me causa despeito, tristeza. Noutras, um grande impulso de euforia, de achar essa pessoa um grande ser humano, um ser que me faz falta, como um ente querido que partiu. E aceito com naturalidade a possibilidade de que nunca mais venhamos a nos encontrar. Que nossas estradas seguirão para sempre paralelas, depois que o ponto de fusão entre elas ficou para trás. Que seguiremos nossas vidas e que, vez por outra, nos lembraremos um do outro, seja espontaneamente, seja por uma travessura do destino na forma de um doce, de uma música, de um filme, de um cheiro, de uma pessoa ou de uma palavra familiar.

Sim. Eu pensei nela nos últimos dias, por variados motivos. Não senti a tristeza de antes, aquela sensação desagradável de fracasso. Senti sim uma saudade, uma vontade de novamente ouvir aquela voz e as coisas que ela teria a me dizer, fossem sérias ou frívolas. Senti vontade de, como naquela canção brega do Rei, "saber da sua vida". Uma vontade que tratei de reprimir dentro de mim, com diferentes graus de sucesso em cada dia que essa cadeia de sensações ocorreu.

Enfim, eu sou um romântico e por isso dou tanto valor a pequenezas como essas. Porque a saudade a gente pode matar de várias maneiras. E eu permito que ela se aloje em mim e faça do meu corpo um aquário para algas mortas e poeira de meses precedentes.