Sobre Como Eu Botei Na Bunda da Vida e Ela Simulou Um Orgasmo
Eu não tenho o que escrever. Por isso mesmo, vou narrar aqui (não-) acontecimentos últimos da minha vida, só para que os eventuais leitores se dêem conta de como ela é chata e banal. Nem um capiau do meio da mato tem uma vida mais banal do que a minha.
Primeira coisa que posso dizer é que comecei a ler "Angústia", do Graciliano Ramos. Uma vez na faculdade, lembro-me bem, um professor - que aliás defendeu tese de mestrado (ou doutorado, ou de graduação, nem sei) sobre esse livro - nos disse que essa obra do Graciliano não era pra se ler se você está deprimido. Que você devia lê-la se estiver de bem com a vida. Bom, eu não estou assim tão feliz, mas resolvi arriscar. Tá difícil. Tô nas primeiras páginas e tentado a largar a leitura. Fora que só leio no Santana-Itaim, em pé naquela merda lotada, encostado - quando não tem ninguém ocupando o espaço - na parte sanfonada do articulado. Me dá um puta sono. Normalmente eu já tô cansado, saindo do trabalho às cinco. Eu podia falar do meu trabalho, mas dá preguiça só de pensar na idéia.
Também não quero falar em sobre como ando cada vez com menos paciência e só evito dar patadas nos outros porque sou covarde demais pra ficar comprando brigas. Quer dizer, a maldade passa pela minha cabeça, mas meu complexo de "bonzinho, politicamente correto" faz com que eu guarde pra mim pensamentos sobre a boçalidade das pessoas e a minha própria. E também eu tenho opiniões muito maleáveis sobre as pessoas e as coisas. Por mais de uma vez nas últimas semanas eu me peguei tendo dó de pessoas que, minutos antes, eu queria que fossem para a puta que as pariu. Quer dizer, não é difícil eu recuar de opiniões que considerava formadas, acabadas, irreversíveis. Aí eu me sinto bem fraco, fraquinho mesmo, uma personalidade de personagem coadjuvante do figurante da pior comédia de quinta linha. Bom, eu sei que tô sendo muito implacável comigo mesmo, mas pô... vá pra puta que pariu, né?
Bom, ainda sobre a minha vida, o que mais posso dizer? Se eu não quero falar sobre minha vida profissional nem sobre a afetiva, o que sobra?
Eu não fiquei muito comovido com a morte da menina Isabella. Nem tão empolgado com a vitória do Corinthians sobre o Fortaleza. Nem ligando muito pro fato dos tucanos estarem melindrados porque o Lula e a Dilma quiseram mexer nas contas de gastos do FHC. Aliás, esses tucanos são uma piada. Mas, enfim... Eu não me comovi com nada em especial essa semana. Pusilânimidade total. Não tive vontade de me inscrever num partido político, numa entidade de classe, num curso de francês, numa aula de dança - apesar de ter pensando, num dado momento, que eu deveria aprender a dançar - numa academia de ginástica, num curso religioso, nada, nada, nada. Apenas tenho me focado na diligente arte da inércia, pensada por Isaac Newton em 1700 e lá vai pedrada e cultuada por vagabundos do mundo inteiro. No Brasil, os praticantes da inércia superam em números os praticantes de qualquer outra parte do globo. São milhões de pessoas que, nas horas vagas, não fazem nada e nisso sentem algum prazer. Os estados onde a inércia é mais praticada no Brasil são, pela ordem: Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em São Paulo, estado onde vivo, sou discriminado por ser adepto assumido da inércia. O próprio conceito de "locomotiva do País" - um conceito de merda que só poderia ter surgido numa cabeça-de-vento de paulistano metido a besta mesmo! - vai contra a essência milenar da arte da inércia. Uma idéia que já existia na Grécia antiga, conhecida popularmente como ócio. Aqui no Brasil temos até cantores que pregam a inércia em suas músicas, como Dorival Caymmi, José Carlos Pagodinho (vulgo Zeca Pagodinho, que tem a música "Deixa a Vida Me Levar"), entre outros. (Um baiano e um carioca, note-se). Enfim, eu tô só empurrando com a barriga, como empurrei esse texto idiota até aqui. Um caminhão de bobagem sobre a cabeça de quem lê.
Eu tô meio desalentado.
Primeira coisa que posso dizer é que comecei a ler "Angústia", do Graciliano Ramos. Uma vez na faculdade, lembro-me bem, um professor - que aliás defendeu tese de mestrado (ou doutorado, ou de graduação, nem sei) sobre esse livro - nos disse que essa obra do Graciliano não era pra se ler se você está deprimido. Que você devia lê-la se estiver de bem com a vida. Bom, eu não estou assim tão feliz, mas resolvi arriscar. Tá difícil. Tô nas primeiras páginas e tentado a largar a leitura. Fora que só leio no Santana-Itaim, em pé naquela merda lotada, encostado - quando não tem ninguém ocupando o espaço - na parte sanfonada do articulado. Me dá um puta sono. Normalmente eu já tô cansado, saindo do trabalho às cinco. Eu podia falar do meu trabalho, mas dá preguiça só de pensar na idéia.
Também não quero falar em sobre como ando cada vez com menos paciência e só evito dar patadas nos outros porque sou covarde demais pra ficar comprando brigas. Quer dizer, a maldade passa pela minha cabeça, mas meu complexo de "bonzinho, politicamente correto" faz com que eu guarde pra mim pensamentos sobre a boçalidade das pessoas e a minha própria. E também eu tenho opiniões muito maleáveis sobre as pessoas e as coisas. Por mais de uma vez nas últimas semanas eu me peguei tendo dó de pessoas que, minutos antes, eu queria que fossem para a puta que as pariu. Quer dizer, não é difícil eu recuar de opiniões que considerava formadas, acabadas, irreversíveis. Aí eu me sinto bem fraco, fraquinho mesmo, uma personalidade de personagem coadjuvante do figurante da pior comédia de quinta linha. Bom, eu sei que tô sendo muito implacável comigo mesmo, mas pô... vá pra puta que pariu, né?
Bom, ainda sobre a minha vida, o que mais posso dizer? Se eu não quero falar sobre minha vida profissional nem sobre a afetiva, o que sobra?
Eu não fiquei muito comovido com a morte da menina Isabella. Nem tão empolgado com a vitória do Corinthians sobre o Fortaleza. Nem ligando muito pro fato dos tucanos estarem melindrados porque o Lula e a Dilma quiseram mexer nas contas de gastos do FHC. Aliás, esses tucanos são uma piada. Mas, enfim... Eu não me comovi com nada em especial essa semana. Pusilânimidade total. Não tive vontade de me inscrever num partido político, numa entidade de classe, num curso de francês, numa aula de dança - apesar de ter pensando, num dado momento, que eu deveria aprender a dançar - numa academia de ginástica, num curso religioso, nada, nada, nada. Apenas tenho me focado na diligente arte da inércia, pensada por Isaac Newton em 1700 e lá vai pedrada e cultuada por vagabundos do mundo inteiro. No Brasil, os praticantes da inércia superam em números os praticantes de qualquer outra parte do globo. São milhões de pessoas que, nas horas vagas, não fazem nada e nisso sentem algum prazer. Os estados onde a inércia é mais praticada no Brasil são, pela ordem: Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em São Paulo, estado onde vivo, sou discriminado por ser adepto assumido da inércia. O próprio conceito de "locomotiva do País" - um conceito de merda que só poderia ter surgido numa cabeça-de-vento de paulistano metido a besta mesmo! - vai contra a essência milenar da arte da inércia. Uma idéia que já existia na Grécia antiga, conhecida popularmente como ócio. Aqui no Brasil temos até cantores que pregam a inércia em suas músicas, como Dorival Caymmi, José Carlos Pagodinho (vulgo Zeca Pagodinho, que tem a música "Deixa a Vida Me Levar"), entre outros. (Um baiano e um carioca, note-se). Enfim, eu tô só empurrando com a barriga, como empurrei esse texto idiota até aqui. Um caminhão de bobagem sobre a cabeça de quem lê.
Eu tô meio desalentado.
2 Comments:
Somos dois desalentados meu amigo. Ultimamente eu tenho visto a vida passar por mim. Parece que todo dia se repete, a mesma rotina besta. E eu fico com um sentimento de inquietude q não me larga... e uma esperança de sei lá o q... O problema é que precisamos de um daqueles momentos que mudam nossa vida, nos trazem alguma razão pra viver. Mas tá dificil de achar um...
Como certa vez disse Seneca, caro Deco, "Existe muita diferença entre uma vida tranqüila e uma vida ociosa". Apenas no exercício da inércia somos capazes de encontrar inspiração suficinete para escrevermos textos primorosamente tediosos como este.
Grande abraço, meu querido!
merciosarau@yahoo.com.br
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