Happy Hour
Tomando chopp depois do serviço. Como de costume, se gabando das mulheres e dos clientes que tinham fodido.
- Pois é rapaz, mas você não sabe o que constava nos autos...
- Olha Meirelles, cansei de falar nessa porra desse processo. Vamos falar de coisas amenas. Lembrei aqui de uma puta coisa que me aconteceu. Cê lembra daquela vez na sexta série quando prendi meu pau na braguilha da calça?
- E como não ia me lembrar? Foi uma das coisas mais bizarras que vi na vida. Você praticamente operou a fimose sozinho naquele dia.
Gargalhadas.
- Pois é. E naquele dia passei com um velho urologista, um judeu conhecido do meu pai. Um cara muito simpático e tal. Tempos depois, estudei no Sion com uma filha dele. Gatíssima cara, você precisava ver. A gente tinha uns 14, 15 anos e ficávamos nos pegando pelos cantos do colégio. Pô, eu era novinho e tal, mas rolava a mão naquilo, aquilo na mão, uma coisa maluca...
- É... nem me fale! Bons tempos aqueles de moleque. Mas e aí? O que que tem a ver?
- Tem a ver que encontrei a "menina" ontem. Ela me procurou. Está se divorciando do marido, urologista também.
- Também? Caralho, essa família gosta de um caralho!
Gargalhadas novamente.
- É cara, parece que o sujeito é uma espécie de pupilo do pai dela. Hoje ele é sócio do velho no consultório. E pude ver de cara que o judeuzão forçou a barra pra casar a filha com o figura.
- Hum... mas e a menina? Ela te reconheceu?
- Aí é que está. Ela lembrou dos tempos de colégio e, como precisava mesmo de um advogado, já veio direto atrás de mim...
- Rá! Não acredito!
- Cara, ela entrou no escritório, conversamos um pouco e convidei-a para jantar. Para discutirmos o processo de separação, etc e tal. Bom, obviamente que falamos uns cinco minutos sobre ela e o marido médico. Um cornão transtornado obssessivo-compulsivo, pelo que pude entender. Logo depois a gente ficou lembrando os tempos de Sion, tomando uns drinques... Uma coisa leva a outra...
- E?
- E... esticamos num motel.
- Rá! Você é foda...
- Mas é fogosa a menina, hein? Me deu a maior canseira. Confesso que há tempos não tinha uma relação tão boa.
- Se a tua mulher descobre...
- Descobre nada. Se descobrir também, foda-se. Ela não se estressa, se estressar eu pago uma massagista pra desestressar ela. Garçom, traz outro aí, faz favor!
- Mas e aí? Você abraçou mesmo o processo de divórcio?
- Abracei, cara. O pior é que ela quer foder o marido. Quer arrancar uma grana violenta do cara. Pensa até em forjar um flagrante de adultério pra esfolar o coitado. Sabe como é, né? O cara é judeu também, a família tem uma fortuna.
- Tá, mas como ela vai forjar um flagrante? O cara chifra ela mesmo?
- Nada. O cara é um caxias. Vive para os pintos. Ela disse que ele sempre a tratou bem, dava tudo que ela queria. Só não comparecia ali debaixo dos lençóis, não sei se você me entende...
- É, vai ver que os objetos de trabalho dele mexeram com a cabeça do coitado...
- Enfim, o fato foi que a mulher ficou de saco cheio dele e começaram a brigar. E o cara começou a entrar em depressão, trabalhar demais e implicar com qualquer coisa errada que visse. E, o que a deixou puta: começou a segurar a grana. Bloqueou cartões de crédito. Mudou radicalmente de comportamento.
- Hum... ela faz o tipo mercenária...
- Ela foi procurar o pai, mas o velho não quis nem saber. Aliás, parece que eles andaram brigados também... Então ela começou a botar chifre no marido.
- E agora quer se separar...
- É.
- Hum... só não entendi esse lance de forjar o adultério... Como ela pretende fazer isso?
- Ela cismou que tem uma amiga por quem o marido nutre uma paixão enrustida. E ela disse que tá disposta a pagar essa amiga pra ir lá dar pra ele e filmar tudo. Um lance meio de novela das oito... Eu fiz minhas observações éticas, mas a mulher é meio doida, desequilibrada...
- Observações éticas? Você?
- Porra, Meirelles! (Risos) Tô falando sério!
Minutos depois os dois advogados, embriagados, deixam o bar. Chegando em casa, Carlos Alberto Lagos encontra a mulher sentada na sala de estar, tomando uma dose de uísque.
- Uma cliente sua ligou. Deixou o número, pediu pra você retornar assim que possível. Parece que ela está desistindo de se divorciar do marido, ou algo assim...
- Pois é rapaz, mas você não sabe o que constava nos autos...
- Olha Meirelles, cansei de falar nessa porra desse processo. Vamos falar de coisas amenas. Lembrei aqui de uma puta coisa que me aconteceu. Cê lembra daquela vez na sexta série quando prendi meu pau na braguilha da calça?
- E como não ia me lembrar? Foi uma das coisas mais bizarras que vi na vida. Você praticamente operou a fimose sozinho naquele dia.
Gargalhadas.
- Pois é. E naquele dia passei com um velho urologista, um judeu conhecido do meu pai. Um cara muito simpático e tal. Tempos depois, estudei no Sion com uma filha dele. Gatíssima cara, você precisava ver. A gente tinha uns 14, 15 anos e ficávamos nos pegando pelos cantos do colégio. Pô, eu era novinho e tal, mas rolava a mão naquilo, aquilo na mão, uma coisa maluca...
- É... nem me fale! Bons tempos aqueles de moleque. Mas e aí? O que que tem a ver?
- Tem a ver que encontrei a "menina" ontem. Ela me procurou. Está se divorciando do marido, urologista também.
- Também? Caralho, essa família gosta de um caralho!
Gargalhadas novamente.
- É cara, parece que o sujeito é uma espécie de pupilo do pai dela. Hoje ele é sócio do velho no consultório. E pude ver de cara que o judeuzão forçou a barra pra casar a filha com o figura.
- Hum... mas e a menina? Ela te reconheceu?
- Aí é que está. Ela lembrou dos tempos de colégio e, como precisava mesmo de um advogado, já veio direto atrás de mim...
- Rá! Não acredito!
- Cara, ela entrou no escritório, conversamos um pouco e convidei-a para jantar. Para discutirmos o processo de separação, etc e tal. Bom, obviamente que falamos uns cinco minutos sobre ela e o marido médico. Um cornão transtornado obssessivo-compulsivo, pelo que pude entender. Logo depois a gente ficou lembrando os tempos de Sion, tomando uns drinques... Uma coisa leva a outra...
- E?
- E... esticamos num motel.
- Rá! Você é foda...
- Mas é fogosa a menina, hein? Me deu a maior canseira. Confesso que há tempos não tinha uma relação tão boa.
- Se a tua mulher descobre...
- Descobre nada. Se descobrir também, foda-se. Ela não se estressa, se estressar eu pago uma massagista pra desestressar ela. Garçom, traz outro aí, faz favor!
- Mas e aí? Você abraçou mesmo o processo de divórcio?
- Abracei, cara. O pior é que ela quer foder o marido. Quer arrancar uma grana violenta do cara. Pensa até em forjar um flagrante de adultério pra esfolar o coitado. Sabe como é, né? O cara é judeu também, a família tem uma fortuna.
- Tá, mas como ela vai forjar um flagrante? O cara chifra ela mesmo?
- Nada. O cara é um caxias. Vive para os pintos. Ela disse que ele sempre a tratou bem, dava tudo que ela queria. Só não comparecia ali debaixo dos lençóis, não sei se você me entende...
- É, vai ver que os objetos de trabalho dele mexeram com a cabeça do coitado...
- Enfim, o fato foi que a mulher ficou de saco cheio dele e começaram a brigar. E o cara começou a entrar em depressão, trabalhar demais e implicar com qualquer coisa errada que visse. E, o que a deixou puta: começou a segurar a grana. Bloqueou cartões de crédito. Mudou radicalmente de comportamento.
- Hum... ela faz o tipo mercenária...
- Ela foi procurar o pai, mas o velho não quis nem saber. Aliás, parece que eles andaram brigados também... Então ela começou a botar chifre no marido.
- E agora quer se separar...
- É.
- Hum... só não entendi esse lance de forjar o adultério... Como ela pretende fazer isso?
- Ela cismou que tem uma amiga por quem o marido nutre uma paixão enrustida. E ela disse que tá disposta a pagar essa amiga pra ir lá dar pra ele e filmar tudo. Um lance meio de novela das oito... Eu fiz minhas observações éticas, mas a mulher é meio doida, desequilibrada...
- Observações éticas? Você?
- Porra, Meirelles! (Risos) Tô falando sério!
Minutos depois os dois advogados, embriagados, deixam o bar. Chegando em casa, Carlos Alberto Lagos encontra a mulher sentada na sala de estar, tomando uma dose de uísque.
- Uma cliente sua ligou. Deixou o número, pediu pra você retornar assim que possível. Parece que ela está desistindo de se divorciar do marido, ou algo assim...
***
Carlos tentou dormir, mas uma dor horrível no pênis o impediu. Foi ao banheiro, tentou urinar, mas a dor tornou insuportável o ato. Pensou que a dor poderia ser resultado das muitas horas seguidas de sexo praticadas no dia anterior. Voltou para a cama e ali ficou rolando durante horas. A mulher, ao seu lado, dormia um sono de pedra.
Acordou no dia seguinte e a dor não havia passado. Iria ao urologista. No bolso do paletó estava um cartão com o endereço de um certo urologista, dado por uma certa ex-cliente e amante. Um médico de sobrenome judeu, de quem essa mulher pretendera se separar. Carlos sorria maliciosamente e pensava na ironia da vida quando discou o número do consultório. Marcou consulta para o fim da tarde daquele dia.
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1 Comments:
Nota 9. Excelente história, texto muito bom, bem "brasileiro" mesmo, é incrível como o nome "Meireles" cai como uma luva pra isso. Consegui imaginar a cena toda... só não dou 10 pq o final ficou meio "seco", como se vc tivesse com sono pra terminar a bagaça... rsrsrsrsrs... minha opinião, hein!!! De boa!!!
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