quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Sonhos, unidades e conjuntos vazios

Na falta do que postar aqui eu havia pensado em publicar alguns sonhos antigos que tive, que estavam anotados nos caderninhos, e nos quais anexei minhas improvisadas interpretações psicanalíticas (pretensão minha dizer isso, porque nunca passei nem da metade do primeiro volume de "A Interpretação dos Sonhos", de Raimundinho Freud). No entanto, lembrei-me de que os dois cadernos estão com a Maria Silvia. A Maria Silvia roubou meus sonhos. Metaforicamente e literalmente falando.


E o pior é que perdi a capacidade de lembrar-me dos meus sonhos. Quando estava em Bauru havia sonhos que ficavam na minha cabeça por dias e dias e eu podia repassar cada detalhe deles. Agora, o tempo que vai das 5 da manhã até meio-dia (horário em que estou dormindo) parece um grande vácuo de tempo, um período de improdutividade e de minutos estáticos. Nenhuma bizarrice para me gabar neste blog. Não mais aqueles pesadelos assustadores que me faziam achar que a vida era linda assim que acordava. Apenas improdutividade. Como improdutivas tem sido as horas de vigília também. Uma criatura sem assunto, sem graça, sem nada. É isso que sou.

***
O tempo foi muito
E muito pouco
Para caber num sonho.
***
Poema Para o Cu de Uma Puta
Do velho orifício
Por onde entrou tanta coisa
De onde saiu tanta coisa
Muitos vão sentir saudades
Nos tempos de tristeza e angústia
Para os homens de família (ou não)
Lá estava o orifício
Úmido e quente, confortável
Pronto para consolar
Homens feios e bonitos
Gordos e magros, jovens e velhos
Até mesmo leprosos e cegos
Já fruíram o orifício
E de fruir o orifício
Isso se tornou um vício
E toda forma se altera com o tempo
E assim, ao mesmo tempo
Que homens de bem largavam família
(Ou antes as famílias os abandonavam)
O orifício, microcosmo, universo em miniatura
Expandiu-se, expandiu-se enfim
(Toda forma se altera com o tempo)
Mas hoje nada mais importa
Ninguém mais se aproximará do orifício
O tempo passa e muda todas as coisas
Que se lamentem os pais de família e os desocupados
Mas a velha puta vai se aposentar.
Escrevi isso muito antes de Bruna Surfistinha se tornar um fenômeno de mídia. E muito depois de Chico Buarque escrever o que considero o perfil mais leal de uma prostituta: "Geni e o Zepelim" - embora muitos digam que aquilo é só uma metáfora para coisas muito mais sérias. Portanto, não há muitas correlações entre o "poema" e coisas palpáveis.
***
"E Pelé disse: Love, love, love..."
***
E por hoje é só, Brasil. Agora vamos todos ao La Buca Romana. Tome uma Brahma e use pilhas Panasonic. Pratique jornalismo sem ética e sexo com proteção. Consuma até o cu fazer bico. Morra pisoteado num show de banda chicana pop-pré-adolescente. E encontre os pais da Suzane Von Ritchoffen em algum lugar, enquanto ela toma sol na praia, gorda e saudável como quase todos os burgueses que não estão em cana.

4 Comments:

Blogger A. Diniz said...

Há quem diga que os sonhos são a cura de nosso inconsciente. Se não há sonhos, pelo menos é um indício que não há ferimentos.

fevereiro 08, 2006 7:29 PM  
Blogger Gabriela said...

hahaha pra variar eu me diverti lendo você... Mas, amigo, sem estresse, sem autocomiseração, vc eh mais, né não?? O q puder fazer, estou aki.... Para ouvir... Bjss

fevereiro 10, 2006 11:23 AM  
Blogger Pedro Henrique said...

Nice post!!!!!!
Só não posso dormir com a garganta seca, tenho pesadelo.

E eu prefiro o Lellis Tratoria!

fevereiro 10, 2006 9:41 PM  
Anonymous Anônimo said...

O que que há velhinho...
esta foda manter esse blogs, neh?
BOm, não soh os blos, mas o celebro funcionando "saudável"...
Tentei postar hoje, mas só o frio inóspito em que meu blog se encontra me dá cala-frios...
Mais boa sorte com o seu!
Abraço!

fevereiro 26, 2006 3:39 AM  

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