quarta-feira, março 29, 2006

Ternura

É sempre essa coisa de se comover com crianças e com bichos.

O Luís e a Taísa acharam um pássaro ferido em Bauru. Quando levantei o pano que cobria a caixa de papelão vi o animal ali, meio que encarcerado, com aparência morimbunda. Sempre achei insignificantes os pássaros morimbundos e mortos. A mim só interessavam os seres realmente vivos. Mas tive pena e ternura - ainda que temporárias - por aquela ave que ... Preciso ligar pra Bauru e saber se o pássaro ainda está com o Luís, se já levantou vôo ou se realmente entregou a alma a Deus e suas gaiolas celestes.

Uma ternura muito grande por uma menina que julgava feia e que depois descobri bonita. E ela era uma criança realmente muito feia. As fotos da época comprovam. Hoje é uma mulher jovem muito charmosa, pese que ela é muito inteligente e isso a torna interessante. Uma alma agitada, vaidosa, que não suporta bem a nossa reprovação. O que fode meus sentimentos em relação a ela foi o fato de já tê-la visto chorar. Gostaria de não ver mais nenhuma mulher com qualidades chorando na minha frente. Me apaixono fácil por mulheres frágeis, suscetíveis, etc. Meu coração é uma criança.

E eu próprio às vezes me emociono quando me lembro da criança que fui. Não era malicioso como são as crianças de hoje em dia. Era ingênuo, de uma ingenuidade que beirava o pusilânime. E ainda hoje acho que estou mais para otário do que para esperto. E agradeço a Deus por isso, pois acho que os ingênuos tem lá seu charme. Os espertos enjoam um pouco a gente.


Quero ter filhos. Quero ter bichos. Quero ter motivos para ceder às fragilidades do mundo. Quero ter a quem ninar e quem me nine também. Ando precisado de carinho, mas não quero pedir nada a ninguém.

Quero que o mundo mergulhe num torpor lânguido e que eu possa novamente admirar o sono dela, lhe tirar os óculos do rosto (ela adormeceu com eles) e lhe dar um beijinho na testa antes de ir embora.


Queria que as coisas acontecessem de outro jeito. Mas elas são desse jeito mesmo.


Beijo-te, coração, com todo o meu carinho. O contido e o incontido.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O segredo é exatamente este, não perder a ternura jamais!
Bjão!

março 29, 2006 3:27 PM  
Blogger Pedro Henrique said...

O segredo é ter-nura. Pegou, pegou??

março 29, 2006 11:31 PM  
Blogger A. Diniz said...

Vivemos para sofrer de amor por alguém que não achamos que podemos ter. Mas até na vida e na morte existem mais surpresas que nosso cérebro pode captar numa simples noite.

Keep Walking.

março 30, 2006 6:35 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ah Rafael, que bom que descobriu isso ai dentro de vc.... antes eu tinha ternura, de uns anos pra cá perdi um pouco da inocência, mas tô querendo achar novamente. Fico feliz que vc tenha achado isso em vc :)

março 31, 2006 3:33 AM  

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