Uma realidade e um sonho

Carlitos, Carlitos, Carlitos!!!

21 de junho de 2006: Argentina x Holanda se enfrentam pela Copa do Mundo, naquele que é considerado um dos maiores clássicos do futebol mundial. Em jogo disputado, muitas chances são desperdiçadas pelas duas equipes e o placar não sai do zero. Porém, o atacante Carlos Alberto Tevez, reserva da seleção argentina que, na partida anterior de sua seleção (contra Sérvia e Montenegro), já havia sido o autor de um belíssimo gol, é eleito pelos avalistas da FIFA como "O Craque do Jogo" . Grande honra para Tevez e, principalmente, para os torcedores do Sport Club Corinthians Paulista, que como eu, sentem-se honrados por ter em nosso clube um craque de nível internacional que começa agora a escrever seu nome na história das Copas do Mundo e, em grande escala, do esporte bretão.

Carlitos Tevez, habilidade e raça. Continue honrando e glorificando o Corinthians pelo mundo afora.

(Esta é singela homenagem do Sonhos e Clichês para o "delantero" que marcou o primeiro gol de um jogador do Corinthians numa Copa do Mundo desde 1982, quando Dr. Sócrates havia deixado o dele contra a Itália).

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Eu, ela e meu amigo

A lembrança vem à mente de forma turva, nebulosa. Não é possível separar o que realmente se passou dos dados que minha mente acaba de inventar para cobrir as lacunas da memória volátil. Mas não importa. A descrição da situação em si é o que vale:

Cheguei à Secretaria de Educação da cidade de Bauru. Ignoro o que fui fazer naquele local. O que sei é que encontrei ali a bela atriz jovem e morena, de sorriso largo e malicioso e de talento questionável, Cléo Pires, 23 anos. Não obstante minha timidez e minha pouca habilidade para conversar com damas interessantes, puxei conversa e, para minha surpresa, ela me deu linha. Em pouco tempo notei que a galega simpatizara com a minha pessoa e convidei-a gentilmente para "tomarmos uma coisinha", ao que ela assentiu com um sorriso. Fomos a uma padaria, o que vejo agora como um local inapropriado para se frequentar com uma dama de alta estirpe. Mas ela não fez queixas e talvez até mesmo tenha gostado da simplicidade de minha sugestão.

Tudo ia às mil maravilhas. Seus dentes brancos luziam dando contornos alegres à minha antes tão obscura vida sentimental. Sentia surgir uma possibilidade única de começar com chave de ouro uma caminhada de sucessos amorosos. Afinal de contas, quantos loseres conseguem sair logo de cara com uma atriz global? Tinha tirado a sorte grande. Bonita, sedutora, e que ao menos podia passar por inteligente. A nora dos sonhos de minha mãe, que adoraria mesmo ter o Fábio Jr. na família. Iniciei uma destreinada sequência de galanteios e a cada instante passado ao lado dela tinha a certeza de que ficaríamos juntos, de que havia felicidade reservada para nós dois.

Até que chegou o abutre. O pândego. O celerado.

Cirilo Fernandes, 22 anos. Aquele que julgava meu amigo até este dia fatídico. Chegou como quem não quer nada e então fiz as honras, apresentando-o à minha mais nova querida. Cumprimentaram-se, Cirilo sentou-se e pusemo-nos a tergiversar. Nisto ocorreu algo que mudou o rumo das coisas: notei que, ao contrário do que ocorria antes da chegada do Cirilo, Cléo não via mais brilhantismo algum nas coisas que eu dizia. Sentia agora até mesmo certo asco por eu dizê-las. Mas para mim, nada mudara no conteúdo de minhas declarações e meu intuito continuava sendo, como antes, o de agradar e agregar. Cirilo também permaneceu sério e calado durante meus circunlóquios, como se lamentasse profundamente pela minha reputação que, tudo indicava, ia por água abaixo ante aquela dama que eu tinha pretensões de conquistar.

E então aconteceu. Não lembro se fui ao banheiro e voltei, ou mesmo se olhei para o lado por um segundo e depois me voltei para eles. Mas o fato é que, quando vislumbrei o Cirilo e a Cléo, eles estavam se beijando. Se beijando voluptuosamente. Implacavelmente. Perturbadoramente. Pecaminosamente. Senti meu coração dilacerado pela dor nefasta da traição. Meu melhor amigo atravessando minha relação promissora com a minha musa da sorte. E tudo ali, às claras, sob minhas barbas. Senti então que fui preterido. E a inspiração trágica das estórias gregas começou a soprar-se em meus ouvidos.

Antes que eu pudesse matar ou morrer, acordei. Um pesadelo terrível. E demorou para que eu me convencesse de que não era real. Cirilo, seu fura-zóio filho da puta! Trocando anos de amizade por uma atriz filha da Glória Pires com cara de sacaninha...

E essas atrizes da Globo são todas iguais mesmo...

Cléo, meu amor perdido...

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Até nos sonhos eu só me fodo...