Vai, teu trem chegou...
Sei que deve ser bobagem da minha cabeça, mas às vezes eu tenho a impressão de que nasci pra ficar sozinho.
Passei toda a minha adolescência sendo um cretino que me dedicava à paixões vãs enquanto as pessoas em geral saíam por aí passando a rôla em todo mundo. Ainda se eu fosse um horroroso, um disforme, um imbecil incapacitado, tudo bem. Mas não. Muito feinho por aí curtiu a vida e foi mais feliz amorosamente do que eu.
Aí saio dessa fase, supero minhas angústias e meus platonismos e enfim sinto-me pronto para ter uma relação madura com alguém, pra deixar de ser apenas o "amiguinho", "o bonzinho", etc.
Essa tal relação não dura nem o tempo suficiente para que se diga que foi realmente um namoro. Aliás, foi o "namoro" mais curto da vida da outra parte. Vai ver foi legal pra ela passar o tempo. Vai ver ela curtiu no começo ter um pouco de atenção. Todo mundo precisa de um pouco de atenção.
A merda é que eu fui me envolvendo. Quando estava bem, um belo dia, lá pelas tantas, tive que ouvir que me tornei um "pegajoso". Tive que ouvir que não sou bom o suficiente. Que sirvo pra ser o amiguinho bocó, mas não sirvo pra ser um namorado, com responsabilidades, etiqueta e trato. Ah, descobri também que não tenho etiqueta de namorado! Descobri que a tal da "namorada" tinha mais vergonha que orgulho de mim. Que eu a constrangia diante dos pais dela. Engraçado isso, aliás: ela aprontou o diabo comigo, me destratou na frente de amigos meus mais de uma vez, mandou e-mails pra terceiros se passando por mim pra falar bobagem e, nem por isso, tive vergonha dela. Ao contrário, ultimamente ela só vinha me enchendo de orgulho.
Me senti feliz pelas conquistas de outra pessoa como se fossem minhas próprias conquistas. Isso havia me sucedido pouquíssimas vezes antes. Era um deleite ouví-la contar sobre sua nova faculdade, sobre os amigos que fazia, sobre como estava (ou parecia estar) feliz. Na verdade, sentia também uma pontinha de tristeza, porque comecei a perceber justamente por esse tempo que eu já era dispensável, que eu estava ali como um mero acompanhamento de uma situação cômoda.
Mas eu confiei no amor. Eu achei que existia amor. O amor não existe.
O fato é que agora estou sem rumo. Acordei hoje (sábado) e me dei conta de que não tenho mais namorada (embora nossa foto esteja aqui na minha frente, num porta-retrato). Aí me bateu uma angústia, uma coisa que já senti antes em outras situações, mas dessa vez era uma angústia desanimada, pusilânime. Uma angústia cansada, uma figurinha repetida que ninguém agüenta mais.
Ela me disse que "a dor é pedagógica e necessária, mas o sofrimento é totalmente opcional". Eu já sei disso desde muito tempo. E cogitei mesmo nem sofrer por semelhantes coisas, porque não existiria justiça nesse meu sofrimento. Durante a semana dediquei-me às outras coisas.
Mas chega o momento em que o vazio parece uma água-viva no meio do mar. Vai te queimando a pele e você se arrepende de ter entrado n'água. Porém você sabe que faria tudo novamente, que "começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor".
Mas em todo caso, talvez eu tenha nascido pra ficar sozinho.
Passei toda a minha adolescência sendo um cretino que me dedicava à paixões vãs enquanto as pessoas em geral saíam por aí passando a rôla em todo mundo. Ainda se eu fosse um horroroso, um disforme, um imbecil incapacitado, tudo bem. Mas não. Muito feinho por aí curtiu a vida e foi mais feliz amorosamente do que eu.
Aí saio dessa fase, supero minhas angústias e meus platonismos e enfim sinto-me pronto para ter uma relação madura com alguém, pra deixar de ser apenas o "amiguinho", "o bonzinho", etc.
Essa tal relação não dura nem o tempo suficiente para que se diga que foi realmente um namoro. Aliás, foi o "namoro" mais curto da vida da outra parte. Vai ver foi legal pra ela passar o tempo. Vai ver ela curtiu no começo ter um pouco de atenção. Todo mundo precisa de um pouco de atenção.
A merda é que eu fui me envolvendo. Quando estava bem, um belo dia, lá pelas tantas, tive que ouvir que me tornei um "pegajoso". Tive que ouvir que não sou bom o suficiente. Que sirvo pra ser o amiguinho bocó, mas não sirvo pra ser um namorado, com responsabilidades, etiqueta e trato. Ah, descobri também que não tenho etiqueta de namorado! Descobri que a tal da "namorada" tinha mais vergonha que orgulho de mim. Que eu a constrangia diante dos pais dela. Engraçado isso, aliás: ela aprontou o diabo comigo, me destratou na frente de amigos meus mais de uma vez, mandou e-mails pra terceiros se passando por mim pra falar bobagem e, nem por isso, tive vergonha dela. Ao contrário, ultimamente ela só vinha me enchendo de orgulho.
Me senti feliz pelas conquistas de outra pessoa como se fossem minhas próprias conquistas. Isso havia me sucedido pouquíssimas vezes antes. Era um deleite ouví-la contar sobre sua nova faculdade, sobre os amigos que fazia, sobre como estava (ou parecia estar) feliz. Na verdade, sentia também uma pontinha de tristeza, porque comecei a perceber justamente por esse tempo que eu já era dispensável, que eu estava ali como um mero acompanhamento de uma situação cômoda.
Mas eu confiei no amor. Eu achei que existia amor. O amor não existe.
O fato é que agora estou sem rumo. Acordei hoje (sábado) e me dei conta de que não tenho mais namorada (embora nossa foto esteja aqui na minha frente, num porta-retrato). Aí me bateu uma angústia, uma coisa que já senti antes em outras situações, mas dessa vez era uma angústia desanimada, pusilânime. Uma angústia cansada, uma figurinha repetida que ninguém agüenta mais.
Ela me disse que "a dor é pedagógica e necessária, mas o sofrimento é totalmente opcional". Eu já sei disso desde muito tempo. E cogitei mesmo nem sofrer por semelhantes coisas, porque não existiria justiça nesse meu sofrimento. Durante a semana dediquei-me às outras coisas.
Mas chega o momento em que o vazio parece uma água-viva no meio do mar. Vai te queimando a pele e você se arrepende de ter entrado n'água. Porém você sabe que faria tudo novamente, que "começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor".
Mas em todo caso, talvez eu tenha nascido pra ficar sozinho.
***
Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou te amando
Baby te amo, nem sei se te amo
Tente usar a roupa que estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola negra, te amo, te amo
Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor
Mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola negra, te amo, te amo
Tente aprender tudo mais sobre o sexo
Peça meu livro, querendo te empresto
Se inteire da coisa sem haver engano
Baby te amo, nem sei se te amo.
("Pérola Negra", de Luiz Melodia)
1 Comments:
Ah, meu caro, ninguém nasceu pra ficar sozinho. Faz pouco mais de 20 anos que vc está nesta vida, e desses 20 e poucos, com certeza só começou a pensar nessas coisas de relacionamento após os 10 anos (ou não?). Em pensar que viveremos por mais tantos anos, cara, ainda é cedo demais para acharmos que "a solidão é meu destino" ou coisas do tipo. Há muita coisa que virá pela frente, viva o hoje, e acostume-se tanto com as alegrias quanto com as tristezas. E nunca pense que, mesmo assim, não irá sofrer, pq todos sofremos, mesmo sabendo que é "opcional". É a vida, meu caro. É a vida...
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