segunda-feira, junho 04, 2007

A valsa

Embebedo-me num canto do salão vazio. Sobrei sozinho porque nunca soube dançar.

Vi os outros flutuando pelo piso, flertando sutis com a vida. Eu deixei-me ficar, pálido e estarrecido ante o acabrunhamento que me tomou de todo. Meninas bonitas e discursos em público sempre me deixaram estático.

O barulho dos salto-agulhas beliscando o chão de taco. A melodia doce e monótona dos alto-falantes. Risos. Champagne derramado sobre o terno, espirrado no vestido. Uma criança lambuzada de chocolate.

De súbito, tudo cessou. Amanheceu e as pessoas saíram ébrias, abraçadas umas às outras. Meu peito absorveu todo aquele vazio e eu quis chorar. Porém, nem mesmo chorar fazia sentido. Não me senti alegre. Não me senti triste. A única tristeza provinha daquele vazio. E foi então que me dei conta: todo vazio é terrivelmente triste.

2 Comments:

Blogger A. Diniz said...

O vazio é uma coisa tão feladaputa que se traduz em várias variantes, e faltas de sentimentos.

junho 07, 2007 1:40 AM  
Blogger Pedro Henrique said...

...

junho 10, 2007 9:48 AM  

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