terça-feira, setembro 16, 2008

Metáforas

Um passarinho burro. Cai na arapuca, é libertado. Anda novamente pelo quintal e cai na mesma arapuca. É engaiolado por três dias, libertado de novo. Volta ao quintal, cisca a terra batida, vê o alpiste e, novamente, zás. Arapuca. Aquele que o libertou já não está mais por ali, as crianças o comem frito com farinha.


Um homem muito burro. Apaixona-se. Quebra a cara. Apaixona-se de novo. Quebra a cara de novo. Todos dizem pra ele: cuidado... Mas ele se apaixona, e vai se apaixonando e quando vê, está fodido. Irremediavelmente sem saída. A cada nova desilusão, requintes novos de crueldade. Dessa vez, há menos ainda o que fazer, exceto lutar contra sentimentos negativos. O amor, de uma forma geral, é um sentimento negativo. Não é. O que pode esse homem fazer? Mudar radicalmente de vida? Falta-lhe a coragem. Além disso, ele tende a se acomodar nas ilusões, em sorrisos e em coisas que não lhe dão futuro. Pobre rapaz! Ele tem medo de perder a cabeça, ele sabe que muitos homens de futuro deixaram suas vidas desandarem por causa de mulher, e tem medo que isso aconteça com ele. As mulheres são todas iguais. Não são.


O dia está muito frio e falar de solidão soaria como um surrado clichê.

1 Comments:

Blogger Luiz Modesto said...

Muito bom!
Do pobre passarinho e do homem burro, penso que só uma coisa é comparável: os dois acreditaram em realidades imutáveis.
- O primeiro acreditou que quem o libertava sempre estaria por perto, por isso se arriscava;
- O segundo, acreditou que o amor era eterno num primeiro momento, enquanto é como todas as coisas no mundo - delicado e finito - , e agora elaborou uma máxima para se refugiar em sua tristeza: "As mulheres são todas iguais".

Acredito que, na maioria das vezes, os problemas com as pessoas são uma questão de caráter, não de gênero.

Do mais, meu caro, enquanto a gente escreve não se lembra que está só.

Abração.

setembro 16, 2008 3:35 PM  

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