quinta-feira, setembro 17, 2009

Sobre as mulheres bonitas de lugares feios

Esta cidade está cheia de moças bonitas. Brotam de todos os cantos, cruzam meu caminho, e eu troco olhares com as nádegas delas. Olho tímido, de esguelha, no início. Mas os glúteos maravilhosos dessas damas me encaram provocadores, petulantes, com aquele brilho que só encontramos no olhar dos apaixonados. É um ir e vir de deixar maluco. Uma coisa que, quando some no horizonte da visão, deixa vazio, tristeza e saudades.

Mas não apenas bundas. Há também as moças pequenas e singelas, que você acha que tem dezesseis anos, mas mesmo assim quer botar no colo, com boas e más intenções. Essas eu encontro nos ônibus. Algumas querendo ser mulheres, com sua maquiagem, decotes e olhares calculados. Outras querendo eternamente permanecer molecas, de tênis all-star e discrição, mas indiscretas mesmo assim, pela feminilidade natural. É uma coisa bonita. Eu gosto de gostar das mulheres.

Ando, é bem verdade, triste. Sozinho, como um legítimo poeta que não sou. E meu coração se enternece mais facilmente - se é que esse babaca alguma vez encontrou dificuldades para se apaixonar - por essas coisinhas. Miudezas e grandezas. Imagino, confabulo, o jeito de ser de cada uma delas. Das que vi pela primeira vez e das que vejo todos os dias. Teriam alguma graça no falar, no andar, no jeito de expressar as ideias? O coração tem generosidade? E a malícia? Quanto de malícia há na menina, na mulher? Quais coisas sacanas você tem para me dizer, para me surpreender?

Já vi mulheres bonitas nos lugares mais feios. Flores que nascem no limo. Hoje mesmo, andando longe de casa, as vi assim, pela janela do ônibus, no meio do cinza, indo ou voltando de algum lugar. Que bundas, que pernas, que seios! E olhos, e boca, cabelos, adornos. Palavras. Não, palavras não ouvi. Meu contato com o mundo assim tem sido, apenas visão e olfato, e o tato no vidro. Block.

Penso no que virá. Em quem anda em algum lugar por São Paulo, ou na América Latina, ou nessas quebradas do mundaréu, esperando (ou não) a minha presença, o mel e o fel das minhas palavras. Palavras bonitas de um quase poeta, vãs. Palavras vãs, desperdiçadas todos estes anos, de bater em ouvidos duros, ou corações duros, ou os dois. Palavras produzidas para comover e conquistar mas que até hoje só encabularam ou, no máximo, lisonjearam. Palavras sacanas e pervertidas de um menino santo e tímido.

Mas afinal, onde anda a poesia?
Não, não mais direi "bunda". Direi "encantos". Sobre mulheres que me seduzem com seus... encantos.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Para você entender POR QUÊ eu não deveria ter um blog

(Auto-)Espinafragens:

A) Guevara nos enganou. Cadê aquele mundo melhor em que eu acreditava, quando tinha 17 anos? Para onde foram Bandeira, Vinicius, Drummond e todos os poetinhas que a gente tinha em alta conta? De repente, todos viraram velhos chatos e imprestáveis. Pedantes insuportáveis.
B) O PT nos enganou. O PSTU também. Mas nem vou discorrer sobre o tema, porque isso é azar meu.
C) O romantismo me fez perder um tempo precioso. Porém, também não estou e nunca estive apto a ser um hedonista. O meio-termo, como todo meio-termo, é chato, morno, burguês e comodista. Estou mergulhado no tédio da espera e não tenho mais sequer a raiva e o inconformismo de sempre para aliviar minha consciência. O romantismo me deixou chupando o dedo, com pinto duro e cara de trouxa. Rá, bem feito!
D) Meus sonhos transmutaram-se. E meu coração, como não poderia deixar de ser, tornou-se burguês. Meus pensamentos estão naquilo que as mãos humanas podem tocar, que o dinheiro pode comprar e que ninguém pode contestar. Vil metal? Quem fala em vil metal não deixa de passar no ECAD, pra pegar o seu. Quando não está no Uruguai. Existem as amizades e o amor, é verdade. Mas existe o dinheiro, e não podemos mais ignorá-lo.
E) Um ânus. Procura-se um ânus em estado de novo, para ser fruído. Paga-se bem.
F) F? F de foda.
G) Às vezes eu tenho vontade de socar todo mundo. Bater bastante mesmo, deixar marcas, tirar sangue, deixar hematomas, roxos, cortes, cricatrizes, bater até a pessoa começar a rir, com os dentes balangando dentro da boca. Não somente nos inimigos (que não tenho) e nas pessoas desprezíveis, mas também nos amigos. Tenho vontade de fazer como aquele doido da novela e dar raquetadas nas pessoas. Rapaz, não sei por que isso. Tem gente que tem vontade de se lacerar, flagelar. Outros, de dar a bunda. Outros, de furar o corpo todo com piercings e porcarias desse tipo. E outros, ainda, de depredar o patrimônio público, cometer pequenos delitos, maltratar os animais. Eu não. Eu tenho vontade de bater. Não fosse tão franzino, compraria um saco desses de boxeador pra dar umas porradas. O caminho do pacifista é a porrada. Do covarde, a violência. É isso? Deve ser isso.
H) Quem me cobra a felicidade é feliz?
I) A Bahia não me deu régua e compasso, mas São Paulo me deu o andar apressado, o amor pelo céu nublado e um sentimento cínico de análise permanente das pessoas e situações. Que nada mais é do que recalque por não ter nascido nessas belas terras tropicais, banhadas pelo céu e mar, com povo hospitaleiro e festa o ano inteiro. Mas, no fundo, no fundo: grandes bostas isso.
J) Tem coisas que só eram boas dez anos atrás: o Galvão Bueno, a Suzana Vieira, a Britney Spears. Enfim, tudo que é esporrento, depois de uns dez anos, perde totalmente a graça.
K) Tá gostoso, tá?
L) Pré-sal. Pré-sal, pré-sal. O Lula não sabe falar de outra coisa, não?
M) Essa semana, em mais de um dia, defequei por duas vezes no período de 24 horas. Bolo fecal de consistência sólida, cor parda-escura, pequenas manchas marrons ao longo do material de formato cilíndrico. Canudos longos, porém finos.
N) Quem sou eu? Quem sou eu além da imagem que transmito? Sou, como todo mundo, maldoso. Faço juízo de valor, magoo até quem gosta de mim. Isso todo mundo faz. Mas como eu sou mais besta que todo mundo, as pessoas exploram bem meu sentimento de culpa. Certas elas.
O) O fim. Acabou a feira: chega de abobrinha.