domingo, janeiro 18, 2009

Buscando explicações para a minha escatologia

"Há pessoas que por comodismo, prudência, religião, avareza evitam ficar à mercê das paixões amorosas. Essas pessoas ou se entregam compensatoriamente às obsessões aquisitivas - dinheiro (não só os avarentos), propriedades, bens, honrarias, erudição, saber ('é da natureza do ser humano desejar o saber', Aristóteles) - ou criam um rígido sistema de proteção moralista e deontológica; o dever principal é evitar a qualquer custo a influência nefasta do amor carnal - o desejo escraviza, a ascese liberta. (...) O supremo prazer físico dessas pessoas é defecar. Defecar é aliviante, é prazeroso, é saudável, é seguro, é barato, é inocente, é natural, é higiênico, ainda mais se você depois se lavar com sabão no bidê. E também pode ser educativo e intelectualmente excitante - são incontáveis aqueles que adoram ler e meditar quando estão desonerando os intestinos no recesso secreto e apaziguante do seu banheiro. Lutero concebeu as mais importantes das suas 95 Teses revolucionárias, que fizeram dele a maior figura da Reforma Protestante, sentado num vaso sanitário.

(...) Tudo na natureza da defecação - depuração, purificação, eliminação dos resíduos inúteis - é favorável a uma satisfação completa. Isso pode ser uma verdade absoluta para muitos, para todo mundo, mas não é para mim, talvez porque em nenhum momento da minha existência sofri de prisão de ventre".

Rubem Fonseca, in "E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto".

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Pesadelo do mês

Era tipo uma quadrilha de gânsters. Gângsters assassinos de crianças. Sei lá porque cargas d'água eu, que sou adulto, entrei na alça de mira deles. Talvez eu fosse uma testemunha que devesse ser rapidamente eliminada.

Pulei uma mureta e me escondi apavorado atrás de uma planta que havia no jardim da casa. Rezava para não ser visto, mas percebi apavorado que a mulher que integrava o grupo conseguiu me visualizar. Ficou um bom tempo olhando para mim, esperando que eu fizesse alguma coisa. Mas eu fiquei paralisado de medo e vi em câmera lenta os disparos que ela desferiu contra mim. Os outros atiraram também, acompanhando-a. Eu fui metralhado. Morri.

Mas nenhum mafioso russo matador de nenéns vai me foder assim. Acordei vivo.