sábado, julho 29, 2006

Blog-Flog Ploc

Passeio descontraído com a querida Carolzita pelo famigerado Xópim D, a alegria do povo médio da Zona Norte de São Paulo. Acompanhe as imagens de um sábado animado.






Primeiro o momento sagrado da alimentação saudável.


Digerindo o alimento sempre de acordo com a etiqueta e com as boas maneiras.


Méqui Donâldis, a Disneylândia do fast-food-capitalismo-selvagem.


Junto ao número 2 grill, um "Mac Palhacitos" de brinde.


Em minha mesa, dividindo comigo o pão, Carol Von Rithoffen. Ou seria o Primo Itt?


"Um Dia de Fúria": Michael Douglas, Mike Tyson, o vocalista do Coldplay e Maradona aprenderam comigo a se livrar de cinegrafistas engraçadinhos.



Passando por um corredor, esse bonequinho me chamou e me disse ao pé do ouvido: "Mano, nóis vai sê campeão brasileiro no fim do ano, pode anotar aí e me cobrar depois, tá ligado?" Mas pela cara dele acho que ele tomou muito suco de uva...


Exercitando meus dotes artísticos: praticamente um Ivan Lins!



Está explicado: os dinossauros foram extintos por transar sem camisinha!


Raica, farei um Rai-Cai em sua homenagem. Raica, Rai-Cai... Pegou, pegou?


Adeus mundo cruel!



Não, não morri. A continuação das aventuras de Rafinha e Carol no Xópim a gente conta outro dia neste mesmo canal e nesta mesma hora. Saudações para quem é de casa!






domingo, julho 23, 2006

Vãos

Um minuto de silêncio.



Faleceu neste sábado, 22 de julho de 2006, o grande ator e diretor Gianfrancesco Guarnieri. Fácil encontrar coisas sobre a vida e carreira dele na internet, nas Wikipédias da vida e sites especializados em TV, cinema e teatro. Você pode ler, entre outras coisas, sobre a sua incansável luta contra a ditadura e sobre os personagens que marcaram sua carreira.

Eu, porém, entre todos os seus personagens, vou me lembrar sempre dele como o Vô Orlando, o avô que todo moleque da minha idade queria ter. E acho que, de uma forma ou de outra, ele foi um pouco o avô dos moleques da minha geração, que cresceram assistindo "Mundo da Lua" e a programação infanto-juvenil da Cultura.


Obrigado, Vô Gianfrancesco. E bom descanso.


***


Acostumei-me a ver a vida por vãos. Quando pequeno, eram as grades do berço que restringiam a visão - ainda iniciante e encoberta - a listras de cor e movimento. Depois o crescimento natural e me vejo um menino acanhado tangendo com as mãos miúdas o muro do Jardim de Infância, uma construção formada por colunas quadradas de cimento branco na qual as brechas permitiam-me ver o mundo, um passar de pernas e carros pra lá e pra cá, sem fim. E então fui assim observando sempre que cada coisa tem o seu vão correspondente, a sua lacuna, a sua brecha.

Permiti então que minhas retinas capturassem a luz mesmo quando meu coração queria se entregar à escuridão solitária. Permiti que meu cérebro ecoasse idéias tolas, ainda que, na maioria das vezes, soubesse intimamente que não as levaria adiante. Permiti que a vida se conduzisse sozinha, como quando meu pai soltou a bicicleta e a deixou sob meu comando num voto de confiança e torcida. E a bicicleta se encaminhou sozinha alguns metros com seu condutor preso entre euforia e medo, para balançar depois e tombar sobre o cimento. Mas há que se levantar, montar de novo e partir, aceitando os tombos que a vida nos reserva e mesmo torcendo por eles. Pois só o tombo traz a cicatriz e só a cicatriz guarda em si a lembrança. Quem não se fere é um eterno virgem à espera da mercê da sorte.


A alegria efêmera de certas coisas pequenas aos poucos deu lugar, em meu coração, à esperança de coisas maiores e de projetos mais ousados. Adquiri um pouco de serenidade para aceitar o que não posso mudar. Receio estar tomando o caminho do conformismo, porém não descarto a idéia de voltar atrás se necessário for. Quando se erra não convém se lamentar. Vamos em frente e consertamos o que foi quebrado. Se o dano for irreversível (e quase nunca o é), encontra-se uma maneira de se penitenciar.


Pelos vãos dos muros, das cercas, das palavras, das linhas de um caderno, dos dedos e dos pensamentos, vejo minha vida toda aqui, curta e longa ao mesmo tempo. Diante do conceito relativo de liberdade, adapto minha mente á idéia que faço dela e tento adequar o mundo ao que acho justo. Às vezes o injusto se sobrepõe a tudo e sinto raiva por não poder mais simplesmente chorar para modificar. Mas disciplinei-me em relação aos meus sentimentos e não mais permitirei que eles escapem pelos vácuos da razão.


De Volta ao Começo

(Luiz Gonzaga Jr.)

E o menino
Com o brilho do sol na menina
Dos olhos
Sorri
E estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas
De amigo e irmão
As canções de amanhecer
Lumiar a escuridão
E é como se eu despertasse
De um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse
Que a força esteve o tempo todo
Em mim
E é como se então de repente
Eu chegasse
Ao fundo do fim
De volta ao começo
De volta ao começo.


(LP "De Volta Ao Começo", Luiz Gonzaga Jr., 1980. EMI Music Ltda.)

segunda-feira, julho 17, 2006

Uma crônica massa e uma "dupla de dois"

A cabra e Francisco

Madrugada. O hospital, como o Rio de Janeiro, dorme. O porteiro vê diante de si uma cabrinha malhada, pensa que está sonhando.

- Bom palpite. Veio mesmo na hora. Ando com tanta prestação atrasada, meu Deus.

A cabra olha-o fixamente.

- Está bem, filhinha. Agora pode ir passear. Depois volta, sim?

Ela não se mexe, séria.

- Vai cabrinha, vai. Seja camarada. Preciso sonhar outras coisas. É a única hora em que sou dono de tudo, entende?

O animal chega mais para perto dele, roça-lhe o braço. Sentindo-lhe o cheiro, o homem percebe que é de verdade e recua.

- Essa não! Que é que você veio fazer aqui, criatura? Dê o fora, vamos.

Repele-a com jeito manso, porém a cabra não se mexe, encarando-o sempre.

- Aiaiai! Bonito. Desculpe, mas a senhora tem de sair com urgência, isto aqui é um estabelecimento público. (Achando pouco satisfatória a razão). Bem, se é público devia ser para todos, mas você compreende... (Empurra-a docemente para fora, e volta à cadeira).

- O quê? Voltou? Mas isso é hora de me visitar, filha? Está sem sono? Que é que há? Gosto muito de criação, mas aqui no hospital, antes do dia clarear... (Acaricia-lhe o pescoço.) Que é isso! Você está molhada? Essa coisa pegajosa...O que: sangue?! Por que não me disse logo, cabrinha de Deus? Por que ficou me olhando assim feito boba? Tem razão: eu é que não entendi, devia ter morado logo. E como vai ser? Os doutores daqui são um estouro, mas cabra é diferente, não sei se eles topam. Sabe de uma coisa? Eu mesmo vou te operar!

Corre à sala de cirurgia, toma um bisturi, uma pinça; à farmácia, pega mercúrio-cromo, sulfa e gaze; e num canto do hospital, assistido por dois serventes, enquanto o dia vai nascendo, extrai da cabra uma bala de calibre 22, ali cravada quando o bichinho, ignorando os costumes cariocas da noite, passava perto de uns homens que conversavam à porta de um bar.

O animal deixa-se operar, com a maior serenidade. Seus olhos envolvem o porteiro numa carícia agradecida.

- Marcolina. Dou-lhe este nome em lembrança de uma cabra que tive quando garoto, no Icó. Está satisfeita, Marcolina?

- Muito, Francisco.

Sem reparar que a cabra aceitara o diálogo, e sabia o seu nome, Francisco continuou:

- Como foi que você teve idéia de vir ao Miguel Couto? O Hospital Veterinário é na Lapa.

- Eu sei, Francisco. Mas você não trabalha na Lapa, trabalha no Miguel Couto.

- E daí?

- Daí preferi ficar por aqui mesmo e me entregar a seus cuidados. Não posso explicar mais do que isso, Francisco. As cabras não sabem muito sobre essas coisas. Sei que estou bem ao seu lado, que você me salvou. Obrigada, Francisco.

E lambendo-lhe afetuosamente a mão, correu os olhos para dormir. Bem que precisava.

Aí Francisco levou um susto, saltou para o lado:

- Que negócio é esse: cabra falando?! Nunca vi coisa igual na minha vida. E logo comigo, meu pai do céu!

A cabra descerrou um olho sonolento, e por cima das barbas parecia esboçar um sorriso:

- Pois você não se chama Francisco, não tem o nome do santo que mais gostava de animais neste mundo? Que tem isso, trocar umas palavrinhas com você? Olhe, amanhã vou pedir ao Ariano Suassuna que escreva um auto da cabra, em que você vai para o céu, ouviu?



Estrambote

Que um dia Francis Jammes abra
lá no alto seu azul aprisco
Mande entrar Marcolina, a cabra,
e seu bom amigo Francisco.



"A cabra e Francisco.", Carlos Drummond de Andrade. In: Cadeira de Balanço. 8ª ed., Rio de Janeiro. José Olympio, 1976. p.95-97.



***

Chorando no campo...

Embora me deprima um pouco, uma banda que curto desde 2002 (e já ouvia falar muito neles mesmo antes disso, já que convivia nos tempos de ginásio com uma menina que era fanática pelos caras) é o Tears for Fears - "Tias Fofinhas", segundo meu amigo PH. Creio até que já fiz referência a eles neste blog. (Sim, eu fiz:
O que eu não sabia - e descobri xeretando na net - é que a "BANDA" é, na verdade, UMA DUPLA. Uma dupla de dois:



O Tears for Fears é uma dupla de rock pop dos anos 80, formada por Roland Orzabal (voz e guitarra), o cara à esquerda na foto, e Curt Smith (voz e baixo). A música da dupla sempre foi criada por Orzabal, principal compositor, que se baseava nas teorias psicanalistas de Arthur Janov (Grito Primal), que deu origem ao nome do grupo.

Vindos do grupo de ska Graduate (dissolvida no início da década de 80) o grupo lança o álbum The Hurting (1983), onde apresentam uma música mais orientada pelo techno. Mas o álbum de maior sucesso, e considerado a obra máxima do grupo, é Songs from the Big Chair (1985), contando com a participação de Ian Stanley nos teclados e Manny Elias na bateria. O disco viria a vender mais de 10 milhões de cópias, e sucessos como Everybody Wants to Rule The World e Shout (ambas atingindo o 1º lugar nas paradas americanas) e Head Over Heels (3º lugar). O grupo sairia em turnê para só depois de quatro anos lançarem outro disco, mais pop ainda do que os anteriores, chamado Seeds of Love (1989). Hits como Sowing the Seeds of Love, Advice for the Young at Heart e principalmente a balada Woman in Chains (lançando a cantora Oleta Adams, antes desconhecida) atingem as paradas.

As diferenças na dupla acarretam muitas brigas e o grupo se separa, e então é lançada a coletânea Tears Roll Down (Greatest Hits 1982-1992). Orzabal (ainda com o nome de Tears for Fears) lança em 1993 o àlbum Elemental, que ainda conseguiu relativo sucesso com Break it Down Again, e Smith lança o fracassado Soul on Board. Seguem-se ainda Raoul and the Kings of Spain (1995, por Orzabal, porém mantendo o nome Tears for Fears) e Saturnine Martial & Lunatic em 1996. A dupla se reencontra em 2003 com a intenção de obter novamente o sucesso, com o álbum Everybody loves a Happy Ending.

Fonte: Wikipédia.

Pô, cada coisa que a gente descobre. Porque essa dupla aí era uma fábrica de hits dos anos 80. Quer ver?
Veja se você conhece essa canção aqui:
(O cara segurando a pilha de livros NÃO É o Kiko do KLB!)
E essa aqui:
Tem essa também:
(Essa machuca o coração).
E ainda essa:
Pois é, meus amigos. Um "crássico" nunca morre.

Voltamos a qualquer momento.

sexta-feira, julho 14, 2006

Da série: Soundtracks Fodásticos

Todo mundo já assistiu, pelo menos uma vez na vida, Forrest Gump. O filme dispensa apresentações e comentários acerca de sua qualidade.



O que nem todo mundo tem é um cedêzinho duplo contendo sua excelente trilha sonora, com vários clássicos da música norte-americana do período retratado na estória.



Bom, eu tive a sorte de encontrar esse cedê dando sopa na casa da minha tia e peguei "emprestado" para dar uma conferida nas faixas. Já que gosto tanto do filme, porque haveria de não gostar das músicas?



Mas, - devo confessar - um grande defeito meu é não ter lá muito saco para ouvir um álbum inteiro. Então ia pulando faixas, ouvindo só as que eu já conhecia. E nisso lá se ia mais da metade do cedê sem ouvir. Felizmente, recentemente, "a luz de Cristo entrou na minha vida" e resolvi sossegar o facho e ir degustando melhor as canções. E fui achando uma graça escondida em cada uma delas (conste que, o fato de não saber falar nada de inglês prejudica muito minha apreciação de músicas nesse idioma, pois se a melodia não for tão boa mas a letra compensar, nunca ficarei sabendo).



Enfim, hoje considero esse disco como um dos invendáveis e "imprestáveis" - como diria o lendário Vicente Matheus - da "minha" coleção. Digo que não o empresto porque, sabe-se lá se não terei um dia um sobrinho filho da puta para levá-lo e não devolvê-lo mais.



Recomendo portanto, aos amantes de boas trilhas sonoras, pelo menos uma audição deste trabalho. Na minha modesta opinião, vale a pena.



Ah sim, uma última observação: para quem gosta da série "Anos Incríveis", cujo contexto histórico (época e local) é o mesmo que o retratado no Forrest, a trilha do seriado é também semelhante a do filme, com predominância de rock norte-americano. Músicas como "Respect", de Aretha Franklin e "For What It's Worth" do Buffalo Springfield aparecem na trilha das duas produções, assim como alguns artistas: The Doors, The Supremes, etc.











CD 1


1. Hound Dog - Elvis Presley

2. Rebel Rouser - Duane Eddy

3. (I Don't Know Why) But I Do - Clarence "Frogman" Henry

4. Walk Right In - The Rooftop Singers

5. Land Of 1000 Dances - Wilson Pickett

6. Blowin' In The Wind - Joan Baez

7. Fortunate Son - Creedence Clearwater Revival

8. I Can't Help Myself (Sugar Pie Honey Bunch) - The Four Tops

9. Respect - Aretha Franklin

10. Rainy Day Women #12 & 35 - Bob Dylan

11. Sloop John B - The Beach Boys

12. California Dreamin' - The Mamas And The Papas

13. For What It's Worth - Buffalo Springfield

14. What The World Needs Now Is Love - Jackie DeShannon

15. Break On Through (To The Other Side) - The Doors

16. Mrs. Robinson - Simon & Garfunkel



CD 2



1. Volunteers - Jefferson Airplane

2. Let's Get Together - The Youngbloods

3. San Francisco (Be Sure To Wear Some Flowers In Your Hair) - Scott McKenzie

4. Turn! Turn! Turn! (To Everything There Is A Season) - The Byrds

5. Medley: Aquarius/Let The Sunshine In - The Fifth Dimension

6. Everybody's Talkin' - Harry Nilsson

7. Joy To The World - Three Dog Night

8. Stoned Love - The Supremes

9. Raindrops Keep Falling On My Head - B.J. Thomas

10. Mr. President (Have Pity On The Working Man) - Randy Newman

11. Sweet Home Alabama - Lynyrd Skynyrd

12. Running On Empty - Jackson Browne *

13. It Keeps You Runnin' - The Doobie Brothers

14. I've Got To Use My Imagination - Gladys Knight & The Pips

15. Go Your Own Way - Fleetwood Mac *

16. On The Road Again - Willie Nelson

17. Against The Wind - Bob Seger & The Silver Bullet Band

18. Forrest Gump Suite - Alan Silvestri



Se tu ficou com vontade de ouvir o álbum mas não quer comprar nem baixar na net, eis os links para escutá-lo na Rádio UOL:

Disco 1: http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/linklista.php?nomeplaylist=001024-8%3C@%3EForrest_Gump_-_Soundtrack_-_disco_1_&opcao=umcd

Disco 2: http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/linklista.php?nomeplaylist=001025-0%3C@%3EForrest_Gump_-_Soundtrack_-_disco_2&opcao=umcd



***

Sobre minha ausência:
Estive vários dias sem atualizar meu blog. Explicação simples: crise de criatividade. Tenho aliás, muito medo de que o poço, que nunca foi lá muito suprido, esteja secando de vez.

Pra piorar, viajei pra Bauru, refleti sobre várias coisas, voltei e escrevi um textinho meio chinfrim para este espaço. Tudo pronto, tudo muito bonito, apertei o botão PUBLICAR POSTAGEM. Estava aqui esfregando as mãos, esperando o serviço se completar a contento, quando meu querido PC travou. Mas travou do jeito mais filha-da-puta possível, de modo que nem um control C + control V providencial eu pude dar. Bom, esse tipo de coisa só me emputece e me desanima ainda mais de mexer com esse negócio de blog, que já foi melhor e agora tá uma bosta, porque não consigo mais escrever e nem todo mundo tem mais saco pra ler.

Mas enfim, pros que ainda leêm, taí uma explicação para tão prolongada ausência. E, assim que der, eu posto alguma coisa mais voltada à literatura, já que pra crítica artística-cultural eu sou desembasado e só publico o que eu curto.

Saudações, povo do Brasil!