quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Coisas bizarras que "estragam" com o dia da gente

Estávamos Thaís e eu selecionando releases para uma seção sobre banheiras, ofurôs e afins, que vai entrar no próximo número da Revista Gesso. Num dos releases, constava a informação de que a mencionada hidromassagem possuía grade de proteção APROVADA NO TESTE DE CABELO.

Eu entendi que devíamos suprimir essa informação do texto final, mas a Thaís me alertou de que era um detalhe muito importante e citou as "mortes no Astúrias Motel".

- Que mortes no Motel Astúrias?

- Você não soube?

- Não.

- Jura que não ouviu falar? Foi um escândalo na época, saiu até no Jornal Nacional!

E me contou que uma mulher teve os cabelos puxados pela engrenagem de sucção do ralo da piscina da suíte e começou a se afogar. O parceiro tentou salvá-la, inutilmente. Saiu para procurar ajuda e voltou momentos depois com alguém que cortou os cabelos da vítima com uma faca. Mas era tarde demais. Morte por afogamento. A segunda ocorrida naquele mesmo estabelecimento.

Eu achava que já tinha ouvido falar de todo tipo de morte estúpida na minha curta vida. Mas essa superou todas.

Nem meter em paz as pessoas podem mais. Ainda bem que meu salário só dá pra motel fuleiro, sem nenhuma banheira ou piscina. Ainda bem.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Justamente uma mercenária...

Capítulo de sua novela preferida, de acordo com meu sonho:

Alzira (Flávia Alessandra) dá mesmo o pé na bunda de Juvenal Antena (Antônio Fagundes). Mas não para ficar com seu marido débil, Dorgival (Ângelo Antônio), como se pensava. Numa cena redentora ela aparece abraçada a Bruno Mezzenga (Antônio Fagundes) em seu jatinho particular. O fazendeiro aponta pela janela um vasto campo onde boizinhos pastam e exclama:

"Tá vendo tudo isso aí? Daqui até lá embaixo? É tudo meu!"

"Oooooooh, Bruno!"

É a prova definitiva e cabal, nas novelas oníricas, de que quem gosta de pinto é veado. Mulher gosta é de gado de corte.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Lugares Proibidos (Para Cantar)

Sonho:

Estou num coletivo (o Santana-Itaim, suponho) e a cantora "neo-MPB-Adriana-Calcanhotto-Cover" HELENA ELIS adentra o ônibus e, marotamente, saca um violão à tiracolo. Imediatamente ela começa a entoar seu "hit", Lugares Proibidos - "eu gosto do claro, quando é claro que você me ama/ eu gosto do escuro, do escuro de você na cama..." - para a platéia de passageiros atônita. Mal chegando à segunda estrofe da canção, ela é estrondosamente vaiada. Tenta prosseguir, compenetrada, mas as vaias aumentam.

Eu digo a ela, reservadamente: "Liga não. Os populares não sabem apreciar MPB". Ela parece entender e se consola. Mas no fundo eu quero que ela se foda, pois essa musiqueta melosa me amarga o coração.

Fim.

sábado, fevereiro 02, 2008

Defuntos

Planos.

Quero mudar minha vida a médio prazo. Percebi que debaixo do tapete da minha existência tem um montão de cadáveres. Cadáveres cujo grau de fedentina varia de acordo com o tempo decorrido de seus passamentos. Alguns estão lá há anos, e minhas narinas já se habituaram a seu odor putrefeito. Um cheiro semi-azedo, agridoce, como diria Cirilo Fernandes. Há outros cadáveres, contudo, cujos odores de mortes recentes ainda me provocam náuseas localizadas. A lembrança viva de tais cadáveres me exaspera. Penso no que eles foram e no que eu mesmo era.

Tentei desovar essas lembranças de dentro de mim. Mergulhei em outras coisas, no trabalho, em preocupações maiores. Tentei buscar soluções para os problemas, pois é isso que uma pessoa racional faz. Fui parcialmente bem-sucedido. Mas às vezes eu olho pro lado e o cadáver está lá. Eu dou uma banana a ele, mas ele está lá. Não é culpa dele. Como diria Lavoisier, nada desaparece. Tudo se transforma.

E eu tento operar essa transformação em mim. Tudo passa, em estágio inicial, por um recrudescimento da auto-estima. Conscientizar-se que eu sou um cara legal demais. Pelo menos por maioria de votos. E que não vale a pena pensar em certas coisas, certas pessoas e certas situações.

Ao mesmo tempo, há um cadáver futuro em minha mesa. Um cadáver que eu não gostaria de ter de sepultar. Porque ele representa muito pra mim. Mas já estou preparando a pá, as flores e o adeus. Por haver mais amor, talvez haja também mais desapego de minha parte.

Em suma, eu serei feliz.