segunda-feira, janeiro 14, 2008

É pra rir mesmo...

De sexta pra cá, fiz coisas das quais não me orgulho. Todas no campo sentimental.

Apenas um ato meu foi corajoso e acertado. E foi justamente um ato de omissão. De manter em sigilo uma informação que é desconstrutiva para mim, para ela, para nossa relação e para tudo que a cerca. E Deus sabe o quanto foi difícil me controlar. Mas encarei esse controle como uma grande vitória. Antigamente eu era mais egoísta e preferia jogar a pessoa no fosso junto comigo. Acho que hoje estou mais maduro. E, de qualquer forma, eu quero vê-la feliz. Ela merece muito.

Quanto as coisas de que não me orgulho, bem... A própria frase já diz tudo. Se me orgulhasse, contaria. Ainda mais num sítio público como este. Esqueçam, não direi. São coisas humilhantes demais.

Inferno astral. O jeito é me guardar pra quando o carnaval chegar. E tá chegando.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

07-08

Muitas viradas de ano eu passei estrebuchado no sofá, vendo a queima de fogos em Copacabana na TV. Desta vez, para variar, passamos o Reveillon na casa de primos na aprazível cidade de Jaguariúna, ali perto de Campinas. Logo, acabei não tendo tempo de fazer meu tradicional (ou nem tanto assim) balanço de fim de ano. Mas, como diria o guarda que aparece num episódio do Chaves: "Ainda é tempo!"

07. Um ano para lembrar e esquecer.

Lembrar que arrumei meu primeiro emprego. Passamos por momentos bons e ruins. Mas pra mim foi, sobretudo, um período de muito aprendizado. Aprendi que tenho que fazer sempre o melhor que puder. Que não adianta acertar 9 em 10, porque nesse que você errou, será cobrado. Que é gratificante ver que seu esforço se refletiu em algo útil, ainda que nem sempre isso seja reconhecido por todos. Que trabalhar em equipe - mesmo que pequena - é algo sutil e complexo, porque as pessoas tem personalidades distintas que se revelam em entrelinhas. E nem sempre é bico decifrar esses códigos. Enfim, eu entrei lá um moleque inseguro e hoje sou... um moleque inseguro. É nada. Sou um homem em ascensão.

Tenho que lembrar, também, que passei seis meses entre tapas e beijos, como diria aquela canção caipira brega. E teria passado mais tempo assim, porque eu tenho o hábito de não abrir mão das coisas. Mas, felizmente, as coisas às vezes se resolvem sozinhas, à revelia dos nossos desejos, dos nossos "achares". Pois eu achava que aquele romance merecia um outro desfecho. Mas ocorreu o desfecho previsível, o desfecho que ninguém queria. Eu achava que aquela coisa quente que tomou conta da gente seria sempre um elo de ligação. Não foi. Talvez tudo tenha tido sentido, talvez nós dois precisássemos daquilo para aprendermos, para sermos pessoas melhores. Mas os seis últimos meses de 07 foram curtos para amenizar tanta mágoa, tanta raiva, tanta angústia e, por que não dizer?, tanto despeito. Ela seguiu seu caminho e resolvi tirar meus olhos dele, pois que não poderia dissimular meu ressentimento. Às vezes algumas lembranças me perseguem, como sempre ocorreu em todos os amores que tive. Creio que o aprendizado entre um e outro foi melhorar um pouquinho minha forma de lutar contra essas lembranças. Porque é muito triste olhar para aquele "Santana-Terminal Penha" que sai do terminal. É triste passear sozinho pelo bairro da Mooca, embora isso seja evento isolado. E é triste lembrar que por trás de todos aqueles conflitos, havia às vezes uma garota doce, inteligente, com um jeito um tanto quanto juvenil que acabou por me trazer um certo encantamento, um vigor que me fez achar que aquilo compensava tudo.

Eu tento encarar as coisas com naturalidade e pensar que logo tudo cairá na indiferença, no esquecimento. Mas tenho medo, porque somos eternamento responsáveis pelo que cativamos. E eu sei que numa esquina qualquer eu posso me deparar com meu passado, por mais clichê que isso seja. Mas nem por isso vou deixar de andar por essas esquinas.

2007 foi, para o mundo, um ano meio apagado. Rolaram as desgraças de sempre, mas não lembro de nenhum grande evento que possa ser lembrado daqui uns 10 ou 20 anos. Talvez eu é que não tenha prestado muita atenção nas coisas que aconteceram. Mas o fato é que não me ficou nenhuma imagem do ano na cabeça, exceto aquela do rei da Espanha mandando o Chavez fechar o bico. Imagem essa que, diga-se de passagem, foi interessante mas nem é tudo isso. Mas eu terei, além dos motivos pessoais, mais um motivo pra ter esse ano marcado na minha cabeça ao longo da minha vida. Aconteceu o que achei que não seria possível nem dentro de mais 2 mil anos de cristandade: o Corinthians caiu pra Segundona. Eu como corintiano acompanhei toda a agonia. E quando aconteceu o tiro de misericórdia, com o juiz apitando o fim do jogo contra o Grêmio, não quis chorar nem odiar mentalmente ninguém. Fiquei apenas meio catatônico, acompanhando a alegria das pessoas na rua, e pensando que a vida segue um pouco os parâmetros do futebol: num dia você se sente o rei do mundo, no outro está na merda. Isso, aliás, é inerente à existência. Deus, em sua imensa sabedoria, sabe dar. Mas também sabe tirar. E é especialmente quando Ele tira que ele quer ver a tua reação. O imbecil, quando Deus tira, fica puto, renega o nome Dele e acha injusto que lhe tirem o que é seu. Seu? Ora, mas nada é nosso. Nem mesmo nosso suor é nosso, já que o sol que aquece as faces foi gerado por outrem. Cabe então saber perder. E esperar a maré mudar.

Acho que, por isso, eu me resignei diante de tanta coisa e me exasperei com essa minha atitude. Passei boa parte de 2007 de forma desanimada e cética. Não conseguia ser otimista, apesar de também não assumir um discurso coitadinho e fatalista. Dá pra contar nos dedos o número de vezes em que me dirigi a Deus em orações. E quando o fiz, me sentia um hipócrita, um oportunista, porque sabia que Ele sabia que eu o estava fazendo por mero formalismo e obrigação. Como um empregado que presta contas ao chefe, escreve um relatório maquinal e cheio de lugares-comuns. Enfim, diante da impossibilidade de falar com Deus de forma franca, preferi calar-me e deixar que Ele acompanhasse meus pensamentos e atitudes. Por um lado isso foi bom, porque quem reza normalmente reza mais pra pedir que pra agradecer. E isso me desgostava muito. Pedir é muito fácil.

Mas não rompi relações com o Criador. Apenas deixei de falar com Ele, como deixei de falar com meu pai. Não foi por maldade. Mas é que o assunto miou para mim tanto com um como com outro. Foi mais cômodo recolher-me à mudeza, aos meus pensamentos. Enfim, é cômodo também não falar sobre isso.

E é cômodo também não falar sobre um amor impossível.

E é cômodo também dizer que, apesar dos pesares, a coisa anda. Que devo me formar em breve como jornalista, com a ajuda de Deus e de mim mesmo. Que persigo crescimento profissional no ano que entra. Ou seja, persigo me firmar na área.

E deixo para daqui uns 4 ou 5 anos uma avaliação mais precisa do que foi esse ano em minha vida. Que no presente momento só me lembro de frustrações, família em ruínas, coisas que não podem ser, lembranças dilacerantes, solidão, incerteza em relação ao futuro próximo. Acho que, ao postergar essas elucubrações para um segundo momento, eu estou dando a mim mesmo uma chance de avaliar tudo de forma positiva. E soltar aquele clássico "Eu era feliz e não sabia!"

Desejo a todos que (não) leêm esse blog um 2008 cheio de luz, ainda que de lampião.