domingo, junho 29, 2008

Sobre uma saudade fora de hora

E novamente me apresento a vocês para falar de amor.

Porém, falar de amor está sendo cada vez mais difícil. A subjetividade dos meus sentimentos me trava as idéias e me frustra a iniciativa na medida em que noto que não consigo expressar com eficiência as coisas que sinto.

Metáforas bobas como a da "Mulher de Vidro" já me cansaram e me exaspera ser repetitivo. Além do que, a Mulher de Vidro é uma ilusão que quero aceitar como morta. Atirei uma pedra contra ela e ela se quebrou. E isso é tudo.

Uma saudade. Sorrateira, me pega em sonhos, em pequenas lembranças, em passagens por lugares do cotidiano. Às vezes é uma reminiscenciazinha amarga, que me causa despeito, tristeza. Noutras, um grande impulso de euforia, de achar essa pessoa um grande ser humano, um ser que me faz falta, como um ente querido que partiu. E aceito com naturalidade a possibilidade de que nunca mais venhamos a nos encontrar. Que nossas estradas seguirão para sempre paralelas, depois que o ponto de fusão entre elas ficou para trás. Que seguiremos nossas vidas e que, vez por outra, nos lembraremos um do outro, seja espontaneamente, seja por uma travessura do destino na forma de um doce, de uma música, de um filme, de um cheiro, de uma pessoa ou de uma palavra familiar.

Sim. Eu pensei nela nos últimos dias, por variados motivos. Não senti a tristeza de antes, aquela sensação desagradável de fracasso. Senti sim uma saudade, uma vontade de novamente ouvir aquela voz e as coisas que ela teria a me dizer, fossem sérias ou frívolas. Senti vontade de, como naquela canção brega do Rei, "saber da sua vida". Uma vontade que tratei de reprimir dentro de mim, com diferentes graus de sucesso em cada dia que essa cadeia de sensações ocorreu.

Enfim, eu sou um romântico e por isso dou tanto valor a pequenezas como essas. Porque a saudade a gente pode matar de várias maneiras. E eu permito que ela se aloje em mim e faça do meu corpo um aquário para algas mortas e poeira de meses precedentes.

sexta-feira, junho 20, 2008

Bauru perde o BAC

Quarta passada estive novamente na "Cidade Sem Limites", 8 meses após a última vez.

Mudaram algumas coisas por lá. A mudança mais marcante é uma destruição histórica, de importância nacional, mas que não li em lugar nenhum na grande mídia.

O Bauru Atlético Clube, popular Baquinho, em processo de falência que se desenrolou por vários anos, finalmente deixou de existir. O local onde seu clube social funcionava foi desativado, as instalações demolidas. Em seu lugar funcionará um supermercado, de uma rede de supermercados de Marília, que construirá lá a maior loja da rede em represália ao fato do Confiança, rede bauruense de supermercados, ter construído sua maior loja na cidade vizinha. Em meio a todo esse canibalismo capitalita, foi enterrado o BAC, local no qual Pelé começou a jogar bola. E que, se o Pelé lá tivesse permanecido, seria um dos quatro grandes do estado, enquanto a Vila Belmiro hoje estaria sendo demolida pra construção de um supermercado. Ou sexshop.

Bauru, Bauru.

quinta-feira, junho 05, 2008

Fotomensagem II

Tenho nojo de falar de amor
O amor é uma gosma, uma meleca
Nojeira que não sai das minhas mãos
E eu gasto cinco milhões de sabonetes por dia
E ele não sai das minhas mãos

Asco
É pior do que sangue
Pior do que gordura de carne de porco
Pior do que graxa, benzina, cândida, óleo
Pior do que fezes, urina, esperma

Estou cansado de lavar minhas mãos
Elas fedem
Estão impregnadas
Pego o machado
E as decepo

Eu tenho nojo de falar de amor
Mas o amor sai pelos meus poros e fede a suor
Está no meu hálito, preso no céu da boca
Está nas partes baixas, na sola do pé, nas axilas

O amor é uma praga.

terça-feira, junho 03, 2008

Fotomensagem

Carrodegás na contramão.
Vem um menino de triciclo, três ciclos:
Nascimento, crescimento, morte
O menino tem os olhos cordemel arregalados, estrelados
Atrelados
O Caminhão choca-se contra ele, choca-se
O povo nas ruas chocado
O menino está exterminado.